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Fone de Ouvido

21/12/2009.
 
Eu nunca mais tinha saído sem meus fones de ouvido.
Sem o meu Pimenta, sem o meu Kerr, sem o meu Caio.
Simone levou o player. Muito justo: é dela.
Fez falta. Desconfortável demais ver o tempo se arrastar junto com o trânsito até a Vila Carrão. 
Barulho demais, conversa demais, gente demais.
Onde é que essa gente toda tava ontém?
Mais uma pérola pra minha coleção de perguntas erradas.

Tava todo mundo ali.
Quem não tava era eu.
Pecado horrível esse que faz do mundo cenografia. 
Minha vergonha pelos palavrões gratuitos que fui obrigado a ouvir da molecada de férias não foi maior do que a vergonha que senti quando me dei conta do quanto havia me blindado contra eles.
Simplesmente aconteceu. Eu não sou assim.
Antes dessa onda de musica digital, eu conversei muito em fila de banco, sala de espera, ponto de ônibus, balcão de padaria.
Tem melhor campo missionário? Todo mundo alí, no mesmo barco, correndo mesmo quando o trânsito para.
É claro que não vou parar de ouvir Stênio Marcius e João Alexandre enquanto encaro as quase 4 hrs que enfrento no trânsito paulista.
Mas preciso ficar atento: nunca se sabe quando serei necessário à quem quer que esteja a minha volta.
A trilha sonora da minha vida tem que ser a voz de Deus!
 
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